Creatina e coração: o que a ciência já descobriu sobre essa possível aliada da saúde cardiovascular
- Marina Seixas
- 8 de out.
- 3 min de leitura
As doenças do coração e da circulação continuam sendo a principal causa de morte no planeta. A Organização Mundial da Saúde estima que cerca de 18 a 20 milhões de pessoas morram por ano por doenças cardiovasculares — quase 1 em cada 3 mortes no mundo.
Diante desse cenário, qualquer estratégia segura e acessível que possa ajudar o coração a trabalhar melhor desperta o interesse da ciência. É aí que entra a creatina.
O papel da creatina no coração
O coração é um “motor” que nunca descansa. Ele bate mais de 100 mil vezes por dia e precisa de uma quantidade enorme de energia para sustentar esse trabalho.
A creatina funciona como uma reserva de energia rápida dentro das células cardíacas, ajudando a manter o fluxo de energia estável mesmo em situações de maior esforço, como exercícios intensos ou estresse físico.
Em pessoas com insuficiência cardíaca, os níveis dessa reserva de energia costumam ser reduzidos. Isso significa que o coração tem menos capacidade de contrair com força e de sustentar o bombeamento de sangue.
Estudos mostram que a relação entre creatina e energia disponível no coração pode até servir como indicador de prognóstico: quanto menor essa reserva, maior o risco de complicações.

Creatina e vasos sanguíneos
O benefício não pára no coração. A creatina também tem sido estudada em relação aos vasos sanguíneos, que precisam se dilatar e contrair o tempo todo para regular a pressão arterial e garantir uma boa circulação.
Pesquisas sugerem que a creatina pode:
Reduzir o estresse oxidativo e a inflamação nos vasos;
Melhorar a disponibilidade de óxido nítrico (NO), substância essencial para a dilatação das artérias;
Proteger a parede dos vasos, mantendo a integridade das células que revestem o endotélio;
Ajudar no perfil de colesterol, reduzindo níveis de LDL em alguns estudos.
Embora esses resultados sejam animadores, os ensaios clínicos ainda são poucos. Até agora, os estudos mostraram pequenas melhoras em indicadores como rigidez arterial, pressão sanguínea após esforço e funcionamento da microcirculação, mas precisamos de pesquisas maiores e mais longas para confirmar esses efeitos.

O que sabemos até aqui
Coração: a creatina pode ajudar a manter o suprimento de energia, principalmente em condições como a insuficiência cardíaca.
Vasos: há indícios de que melhore a função vascular, reduza o estresse oxidativo e até influencie o colesterol.
Populações estudadas: a maioria dos estudos foi feita com adultos saudáveis ou grupos pequenos de pessoas com fatores de risco, por isso ainda não existem recomendações oficiais.
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Vale a pena suplementar?
Por enquanto, a creatina é considerada segura em doses de 3 a 5 g por dia para pessoas saudáveis, mas seu uso voltado à saúde cardiovascular ainda é experimental.
Ela não substitui tratamento médico, dieta equilibrada, exercícios físicos e controle de fatores de risco como hipertensão, diabetes e tabagismo.
Mas o interesse crescente da comunidade científica mostra que a creatina pode se tornar, no futuro, uma ferramenta complementar na promoção da saúde do coração e da circulação.

Conclusão
A creatina já é reconhecida como um suplemento eficaz e seguro no esporte. Agora, estudos sugerem que seus benefícios podem ir além dos músculos — chegando ao coração e aos vasos sanguíneos.
Ainda não temos respostas definitivas, mas a ideia de que um suplemento acessível possa ajudar no maior problema de saúde pública do mundo abre caminho para pesquisas promissoras.
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