Metabolismo e emagrecimento: 3 mitos que enganam quem quer perder peso
- Marina Seixas
- 15 de out.
- 3 min de leitura
Você já deve ter ouvido que “seu metabolismo é lento” ou que “com o passar dos anos ele despenca”. Quem tenta emagrecer muitas vezes acha que precisa “acelerar o metabolismo” a qualquer custo. Mas pensar assim pode trazer frustrações — e até perigos.
Com base em estudos recentes de pesquisadores e em revisões metabólicas modernas, é possível entender por que esses mitos persistem. Vamos destrinchar juntos.
Mito 1: “Quem está com sobrepeso tem metabolismo lento”
Isso é um mito antigo e amplamente disseminado. Na prática, o oposto é mais comum: pessoas com peso maior tendem a ter taxa metabólica (energia usada) mais alta em repouso, proporcionalmente ao tamanho corporal, pois demandam mais energia para manter tecidos maiores (músculo + gordura).
Esse erro de lógica surgiu com estudos iniciais que dependiam do relato alimentar dos participantes — muitos subestimavam quanto comiam. Essa discrepância levou à conclusão equivocada de que quem ganhava peso fazia isso por “metabolismo lento”.
Há, inclusive, modelos matemáticos que mostram como o corpo se adapta a dietas, ajustando o gasto energético, o que explica por que pessoas que perdem peso frequentemente veem seu metabolismo “desacelerar”.
Então… Se alguém te disser que seu metabolismo é “defeituoso” porque você engordou, responda com ciência: temos adaptações metabólicas e compensações que atuam contra a perda de peso — não é só preguiça ou metabolismo lento.

Mito 2: “A partir dos 30 (ou 40, 50…) o metabolismo cai drasticamente”
Esse mito é parcialmente verdadeiro — mas enganoso. Sim, com a idade há mudanças corporais: muitas pessoas perdem massa muscular e ganham gordura, e isso pode levar a uma redução no gasto energético.
Porém, quando você “isola” escassez de músculo, os dados mostram que o metabolismo em si (por célula ativa) não muda drasticamente com a idade. Ou seja: o “freio” não é a idade, mas a mudança na composição corporal (menos músculo, mais tecido menos ativo). As diferenças observadas frequentemente refletem mudanças no corpo, não uma queda metabólica misteriosa.
Isso significa que investir em treino de força e manter massa magra ao longo dos anos pode neutralizar boa parte dessa “suposta queda metabólica”.

Mito 3: “Se eu conseguir acelerar meu metabolismo, vou emagrecer mais rápido”
Aqui mora um dos maiores enganos. Muitos produtos prometem “acelerar metabolismo” (suplementos, remédios, chás), mas não há atalhos seguros e eficazes de longo prazo.
Mais ainda: algumas das pessoas que mais conseguem emagrecer apresentam reduções maiores no seu gasto metabólico (adaptações) — isso é uma resposta fisiológica esperada quando se perde peso drasticamente. Essa “defesa” do corpo tenta preservar energia para sobreviver.
Acelerar o metabolismo artificialmente sem controle pode gerar efeitos colaterais, e que o verdadeiro fator que persiste é controle alimentar + exercício + manutenção de massa muscular, não “boosts metabólicos”.
Portanto, desconfie de promessas milagrosas. Em vez disso, trabalhe com consistência — alimentação sustentável, exercício, sono bom e estratégias respaldadas.

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Conclusão
Mitos sobre metabolismo persistem porque tocam em nossa crença de que existe uma “fórmula secreta” ou uma “alavanca mágica”. A verdade é que emagrecimento sustentável é multifatorial: psicologia, hábitos, ambiente, adaptação metabólica e biologia individual.
Desacreditar essas ideias falsas não tira desafios da jornada — mas ajuda a caminhar com realismo e escolhas melhores.
Fontes:
Kim, L. Metabolismo e emagrecimento: três mitos que enganam quem quer perder peso. CNN Portugal. Publicado em 14 de setembro de 2025.
Hall KD, et al. Predicting metabolic adaptation, body weight change, and energy intake in humans
Hall KD, Guo J. Obesity Energetics: Body Weight Regulation and the Effects of Diet Composition. Gastroenterology
Hall KD, et al. Ultra-Processed Diets Cause Excess Calorie Intake and Weight Gain. Cell Metabolism




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